sábado, 23 de janeiro de 2010

Carta de um drogado ao pai

Esta é uma carta de adeus de um jovem de 19 anos. O caso é verídico. Aconteceu num hospital de São Paulo. "Acho que neste mundo ninguém procurou descrever seu próprio cemitério. Não sei como meu pai vai receber este relato, mas preciso de todas as forças enquanto é tempo. Sinto muito meu pai, acho que este diálogo é o último que tenho com o senhor. Sinto muito mesmo... Sabe pai, está em tempo de o senhor saber a verdade de que nunca desconfiou. Vou ser breve e claro. Bastante objetivo. O tóxico me matou. Travei conhecimento com meu assassino aos 15 anos de idade. É horrível, não pai? Sabe como conheci essa desgraça? Por meio de um cidadão elegantemente vestido. Bem elegante mesmo, e bem falante, que me apresentou ao meu futuro assassino: a droga. Eu tentei recusar, tentei mesmo, mas o cidadão mexeu com o meu brio. Dizendo que eu não era homem. Não é preciso dizer mais nada não é pai? Ingressei no mundo do vício. No começo foi uma maravilha; depois as tonturas. A escuridão. Não fazia nada sem que o tóxico estivesse presente. Em seguida veio a falta de ar. O medo, as alucinações. E logo após a euforia do pico. Novamente eu me sentia mais gente do que as outras pessoas. E o tóxico, meu amigo inseparável, sorria, sorria. Sabe meu pai, a gente quando começa acha tudo ridículo, e muito engraçado, até de Deus eu gozava, curtia muito de quem falava Dele. Hoje no leito deste hospital reconheço que Deus é mais importante que tudo no mundo. E que, sem a sua ajuda, eu não estaria escrevendo esta carta. Pai, eu só estou com 19 anos, e sei que não tenho a menor chance de sobreviver, é muito tarde para mim, mas ao senhor meu pai, eu tenho um único pedido a fazer: mostre esta carta a todos os jovens que o senhor conhece. Diga-lhes que em cada porta de escola, em cada cursinho de faculdade, e cada canto da noite, em qualquer lugar há sempre um homem elegantemente vestido e bem falante que irá mostrar-lhe o futuro assassino e destruidor de sua vida e que os levará à loucura e à morte, como aconteceu comigo. Perdoe-me pai, sofri demais, perdoe-me também por fazê-lo sofrer pelas minhas loucuras. Tenho que terminar, eu não consigo mais escrever nada, na minha garganta tem um nó, que se eu não cuidar, vou acabar chorando, e não posso chorar porque todo o meu corpo dói. Estou me sentindo asfixiado, meu pulmão está como se quisesse explodir, meu corpo dói tanto até parece que passou um trem por cima. Perdoe-me. Adeus, meu pai ". Algumas horas após escrever esta carta, o jovem morreu.

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